Preparamos toda a nossa Oficina, acertamos horário e tempo de realização para a mesma, no entanto, fomos surpreendidos ao chegar à escola com a notícia da professora que havia disponibilizado sua aula para a realização da Oficina não mais poderia nos permitir fazer como havíamos planejado. Devido à realização, na semana anterior, de um evento que moveu todas as turmas, neste dia em que deveríamos realizar a Oficina a professora necessitaria da aula para concluir apresentações de trabalhos referentes ao evento. Diante disto, nos reprogramamos e realizamos a Oficina num espaço de tempo menor, mas ainda assim, abordamos tudo o que havíamos nos proposto.
A percepção que tive foi de um interesse quase que total de todos os alunos em sala. Acredito que por se tratar de uma atividade com música e abordando um assunto próximo da realidade deles. Assumi de imediato o posto de mediador e apresentador da Oficina e pude perceber o real interesse dos alunos na atividade proposta e a vontade que tinham de debater sobre o assunto. Notei também que um aluno em especial fez colocações críticas e bem construídas que surpreenderam os colegas da minha equipe e facilitou, inclusive, o meu papel como intermediador.
O que ficou de positivo para mim foi perceber que, diferentemente, do que se propaga ideologicamente a respeito do interesse dos alunos das escolas públicas, os estudantes mostraram-se capazes de participar ativamente de atividades propostas, opinar e debater criticamente sobre assuntos de importância da comunidade e, principalmente, surpreenderam positivamente com relação à percepção intelectual do tema que sugerimos. Diante disto, saí da escola renovado com relação aos meus sentimentos à respeito do ensino público, mesmo entendendo que aquele é um caso único apreciado pela minha equipe e tendo convicção de que tais observações que faço aqui neste momento não se estendem e não se generalizam por todo o ensino público municipal, estadual e mesmo nacional, sendo cada caso, um caso, cada escola uma escola e principalmente, cada indivíduo único nos seus interesses e vontades. Naquele dia, fomos agraciados com uma turma desses indivíduos que estava realmente interessada e com vontade de refletir sobre o que propomos.
A seguir, transcrevo uma parte do nosso relatório final que revela algumas das impressões do grupo sobre o que revelei acima:
"O nevorsismo do primeiro contato com os alunos foi logo substituído por um entusiasmo, incitado a partir do momento no qual a turma se mostrou participativa e interessada, com opiniões, ideias e questionamentos interessantes e construtivos para que conseguíssemos alcançar os nossos objetivos, tanto os específicos, que foram abordados de forma sutil, porém pertinentes, quanto o objetivo geral, que sem dúvida alguma foi amplamente conquistado. Para nós, que construímos essa experiência passo a passo, foi um processo marcante e cheio de surpresas, pois não apenas aplicamos novos conceitos e pensamentos naquela turma, como também cada um de nós aprendeu algo novo, repensou certas ideias e construiu ou ampliou uma visão de mundo antes desconhecida, e esse é o maior prazer de um professor em formação: aprender enquanto ensina."
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